História


Na manhã de um dia, que ninguém consegue precisar, do primeiro semestre de 1971, numa sala de aula, no Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis, aconteceu-nos algo totalmente inesperado, numa turma da 4° série ginasial, atualmente 9° série do Ensino Fundamental, com cerca de 35 alunos, quase todos adolescentes, de 14 e 15 anos de idade.

Cheguei para dar aula de Ensino Religioso. Como sempre costumava proceder, encaminhei a oração inicial e a chamada nominal dos alunos. Antes de começar a desenvolver o plano de aula, uma pergunta vinda de um dos alunos, mudou totalmente o rumo daquela aula (o que devia ser uma aula tornou-se um encontro):

“Não seria possível o senhor fazer um retiro para a nossa turma?”

Acolhi a pergunta e como resposta fiz uma outra pergunta:

“Por que vocês querem fazer um retiro?”.

Depois de um momento de silêncio, comecei a registrar, no quadro negro, as respostas que vinham vindo daqueles adolescentes. Sem se darem conta, estavam partilhando suas dificuldades de relacionamento com os pais, além de outras, próprias da adolescência.

Era um tempo em que se falava muito de “conflitos de gerações”. “incompreensão dos pais”. “falta do diálogo entre pais e filhos”… Começava-se a falar da expansão das drogas. Os alunos, naquele momento, estavam externando seus temores frente ao futuro.

Senti que estavam pedindo ajuda.

As respostas formavam um mosaico que externava um pouco da alma daqueles meninos e meninas entrando nas buscas, nos conflitos e nas crises da juventude. No painel de respostas estava sublinhada, muitas vezes, a palavra paz.

Era como se dissessem: “num retiro poderemos parar e encontrar a paz”. Talvez pensassem em paz para si mesmos ou, talvez, em paz para a família, na qual alguns se sentiam em conflito.

A segunda pergunta que lhes formulei foi esta:

“E como vocês imaginam ser um retiro espiritual?”

Aqui as respostas não convergiam. Tive dificuldades de perceber que alguns estivessem falando sério. Enquanto alguns imaginavam algo como um retiro do TLC – Treinamento de Lideres Cristãos, movimento de espiritualidade da Igreja, implantado em Florianópolis na época – adaptado para adolescentes, outros pensavam num fim de semana longe do controle dos pais, para curtir música, sol e praia. Para estes últimos, caso sobrasse tempo, “o retiro” até poderia ter algum momento de oração, com alguma palestra!

Prometi-lhes que iria refletir com alguns amigos sobre o pedido, após o que, lhes daria uma resposta.

Após refletir, procurei alguns jovens, que haviam participado dos dois primeiros Encontros do TLC. Alguns deles, liderados por Wilmar Adelino Vicente, hoje sacerdote, de imediato, imaginaram que se poderia realizar um retiro análogo ao do TLC, bastando as necessárias adaptações, a fim de melhor atender aos anseios dos adolescentes. E, como a casa de retiros no Morro das Pedras estava habitualmente fechada, isto significava que não haveria problema de data, em relação ao local.

Assim, na semana seguinte, eu pude comunicar aos meninos e meninas daquela 4° série, que não só era possível realizar o retiro solicitado, mas, que já tínhamos pessoas dispostas a colaborar, bem corno, o local para que o retiro acontecesse.

Notei que o entusiasmo do grupo já não era uma chama tão forte, quanto na semana anterior. Mas, percebi que o fogo já havia gerado um incêndio em outras 4°, séries.

Dos 52 participantes do retiro realizado, apenas 4 alunos eram da 4° série que o havia solicitado: misteriosamente, fora escolhida pelo Espírito Santo, para acolher e disseminar o seu pólen multiplicador.

Pe. Pedro Adolino Marlendal,

1° Diretor Espiritual do Movimento Pólen

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